A garantia dos direitos das pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) do post
A garantia dos direitos das pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um passo fundamental para promover a inclusão social, a igualdade de oportunidades e o acesso a serviços essenciais. No Brasil, o reconhecimento do autismo como uma condição que demanda políticas específicas levou à criação de diversas leis e diretrizes para assegurar direitos fundamentais, como educação, saúde, trabalho e assistência social. Essas normativas visam não apenas a proteção da pessoa autista, mas também o suporte às suas famílias, que desempenham um papel central no desenvolvimento e na qualidade de vida desses indivíduos.
Rodrigo Silva
2/22/202515 min ler
A garantia dos direitos das pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um passo fundamental para promover a inclusão social, a igualdade de oportunidades e o acesso a serviços essenciais. No Brasil, o reconhecimento do autismo como uma condição que demanda políticas específicas levou à criação de diversas leis e diretrizes para assegurar direitos fundamentais, como educação, saúde, trabalho e assistência social. Essas normativas visam não apenas a proteção da pessoa autista, mas também o suporte às suas famílias, que desempenham um papel central no desenvolvimento e na qualidade de vida desses indivíduos.
Nos últimos anos, importantes avanços legislativos foram conquistados, como a Lei Berenice Piana (Lei nº 12.764/2012), que instituiu a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, garantindo a equiparação do autismo às deficiências para efeitos legais. Outras regulamentações também ampliaram direitos, incluindo o acesso prioritário a serviços públicos e privados, a gratuidade no transporte público para pessoas com deficiência e o Benefício de Prestação Continuada (BPC/LOAS).
No entanto, apesar dessas conquistas, a implementação efetiva dessas políticas ainda enfrenta desafios, como falta de informação, dificuldades no cumprimento das normativas e a necessidade de maior fiscalização e investimento. Por isso, é essencial que a população conheça quais são os direitos assegurados por lei, como acessá-los e quais medidas podem ser tomadas caso sejam negados. Este artigo abordará as principais políticas públicas e leis em vigor no Brasil, destacando seu impacto e os desafios para a sua aplicação.
Principais Leis e Direitos das Pessoas com Autismo
A proteção e inclusão das pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) no Brasil são asseguradas por uma série de leis e políticas públicas que garantem direitos fundamentais, como acesso à educação, saúde, mercado de trabalho e proteção contra discriminação. Entre as mais importantes, destacam-se a Lei Berenice Piana e a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, que estabeleceram marcos essenciais na luta pelos direitos da população autista.
Lei Berenice Piana (Lei nº 12.764/2012)
A Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, criada por essa lei, equipara legalmente as pessoas autistas às pessoas com deficiência, garantindo-lhes uma série de direitos essenciais e ampliando sua proteção legal. Essa legislação foi um marco importante para o reconhecimento das necessidades da população autista, assegurando:
Acesso à educação inclusiva: O direito de estudar em escolas regulares com as adaptações necessárias, incluindo professores capacitados, materiais pedagógicos acessíveis e atendimento especializado. Além disso, a lei proíbe a recusa de matrícula por parte de instituições de ensino.
Atendimento médico e terapêutico adequado pelo SUS: O Sistema Único de Saúde (SUS) deve fornecer diagnóstico precoce, tratamentos multidisciplinares e acesso gratuito a medicamentos, garantindo que a pessoa autista receba acompanhamento especializado, como terapias ocupacionais, fonoaudiologia e acompanhamento psicológico.
Inclusão no mercado de trabalho: Empresas são incentivadas a contratar pessoas autistas por meio de benefícios fiscais e devem garantir adaptações no ambiente de trabalho, respeitando suas necessidades e capacidades individuais.
Proteção contra discriminação e violência: A lei prevê penalidades para casos de preconceito, maus-tratos e violação de direitos das pessoas com autismo, além de garantir suporte jurídico para casos de discriminação.
Atendimento prioritário em serviços públicos e privados: Pessoas com TEA têm direito a prioridade no atendimento em hospitais, repartições públicas, bancos e outros serviços essenciais, reduzindo o tempo de espera e garantindo acessibilidade.
Direito ao diagnóstico precoce e intervenções adequadas: A identificação precoce do autismo é essencial para um desenvolvimento saudável, e a lei garante que a criança tenha acesso a avaliações especializadas, suporte médico e terapias desde os primeiros anos de vida.
Ampliação do acesso a serviços especializados: A legislação reforça a necessidade de ampliar a oferta de serviços como os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e clínicas de reabilitação para garantir um atendimento adequado em todas as regiões do país.
Direito ao transporte gratuito e adaptado: Pessoas autistas e seus acompanhantes têm direito à gratuidade no transporte público em diversas cidades do Brasil, facilitando o acesso a tratamentos e atividades do dia a dia.
Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência - Lei nº 13.146/2015)
Aprovada em 2015, essa lei fortaleceu ainda mais os direitos das pessoas com deficiência, incluindo os autistas, ao estabelecer diretrizes de acessibilidade, inclusão e proteção contra discriminação. Suas principais garantias incluem:
Atendimento prioritário e acessibilidade: Pessoas com TEA têm direito a acessibilidade em diferentes setores, como transporte, comunicação, saúde e educação, garantindo igualdade de oportunidades.
Adaptações razoáveis para inclusão: Escolas, universidades, empresas e órgãos públicos devem oferecer suporte e ajustes necessários para a plena participação da pessoa autista, respeitando suas características individuais.
Obrigação de suporte por empresas e órgãos públicos: Locais de trabalho e serviços públicos devem proporcionar ambientes inclusivos e acessíveis, garantindo que a pessoa com TEA possa exercer suas atividades com dignidade.
Direito ao auxílio-inclusão: Um benefício financeiro concedido a pessoas com deficiência moderada ou grave que ingressam no mercado de trabalho, incentivando sua independência financeira.
Direito à moradia assistida: A lei prevê a criação de residências inclusivas e programas de moradia assistida, permitindo que adultos autistas tenham condições de vida dignas e independentes, mesmo quando não podem contar com o suporte familiar.
Essas legislações representam avanços importantes, mas sua implementação ainda enfrenta desafios, como a falta de fiscalização e a desinformação da população sobre os direitos garantidos. Por isso, é fundamental que pessoas autistas e suas famílias conheçam essas leis e saibam como reivindicar o cumprimento delas.
Benefício de Prestação Continuada (BPC/LOAS)
O Benefício de Prestação Continuada (BPC), garantido pela Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), é um direito concedido a pessoas com deficiência – incluindo autistas – que comprovem baixa renda familiar. O benefício garante o pagamento de um salário mínimo mensal, sem a necessidade de contribuição prévia ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), assegurando suporte financeiro para aqueles que enfrentam dificuldades para se sustentar ou serem sustentados por suas famílias.
Para a concessão do BPC, a pessoa autista deve passar por avaliação social e médica, que verificará o grau de impedimento para participação plena na sociedade e as condições financeiras da família. Para ter direito, a renda per capita do grupo familiar deve ser igual ou inferior a 1/4 do salário mínimo vigente, embora decisões judiciais possam flexibilizar essa exigência em alguns casos.
Outros aspectos importantes do BPC:
O benefício não gera 13º salário e não dá direito à pensão por morte, pois não se trata de uma aposentadoria.
Caso a pessoa com deficiência passe a exercer atividade remunerada, o BPC pode ser suspenso temporariamente. No entanto, se a atividade for encerrada, o beneficiário pode solicitar a reversão do benefício sem necessidade de um novo processo de concessão.
O auxílio-inclusão foi criado para incentivar a entrada de pessoas com deficiência no mercado de trabalho. Ele permite que beneficiários do BPC que conseguirem um emprego formal possam receber um valor adicional sem perder totalmente o benefício.
Políticas Públicas de Atendimento
O Brasil conta com diversas políticas públicas que garantem suporte às pessoas com TEA em áreas como saúde, educação e assistência social. O principal objetivo dessas políticas é oferecer atendimento especializado e acessível, promovendo maior inclusão e qualidade de vida.
Sistema Único de Saúde (SUS)
O Sistema Único de Saúde (SUS) desempenha um papel fundamental no atendimento das pessoas com TEA, fornecendo suporte gratuito em diferentes níveis de atenção. Entre os principais serviços estão:
Centros Especializados em Reabilitação (CERs): São unidades que oferecem atendimento multiprofissional, disponibilizando terapias especializadas, como fonoaudiologia, psicologia, terapia ocupacional e fisioterapia. Os CERs são essenciais para o acompanhamento do desenvolvimento da pessoa autista, auxiliando na comunicação, habilidades motoras e independência funcional.
Serviço de Atendimento Especializado (SAE): Oferece suporte a crianças e adultos com autismo, garantindo avaliação médica e terapêutica contínua. Esse serviço visa acompanhar de perto as necessidades específicas de cada paciente.
Programa Melhor em Casa: Proporciona atendimento domiciliar para casos mais graves, reduzindo a necessidade de hospitalização e garantindo conforto ao paciente e sua família. Esse programa é essencial para autistas com grandes limitações motoras ou dificuldades severas de locomoção.
Distribuição de medicamentos e suplementos: O SUS disponibiliza medicamentos essenciais para tratar condições associadas ao TEA, como ansiedade, hiperatividade e epilepsia, além de suplementos nutricionais para pessoas com seletividade alimentar severa.
Programas de intervenção precoce: A estimulação precoce é essencial para o desenvolvimento da criança com autismo. O SUS oferece programas que auxiliam no desenvolvimento da linguagem, cognição e habilidades sociais desde os primeiros anos de vida.
Atendimento psiquiátrico especializado: O SUS dispõe de atendimento psiquiátrico e psicológico para casos mais complexos, garantindo suporte contínuo e acesso a tratamentos adequados. Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) também fazem parte desse atendimento, oferecendo suporte a pessoas com TEA que necessitam de acompanhamento regular para transtornos associados.
Educação e Inclusão Escolar
A inclusão de pessoas com autismo no ambiente escolar é um direito garantido pela Constituição Federal, pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e por outras legislações específicas. Essas leis asseguram que crianças, adolescentes e adultos autistas tenham acesso à educação de forma igualitária, adaptada e inclusiva.
Principais garantias na área da educação:
Matrícula obrigatória em escolas regulares: Nenhuma escola, pública ou privada, pode negar matrícula a uma criança autista, independentemente do seu grau de suporte. Essa garantia visa promover a inclusão e evitar a segregação escolar.
Atendimento educacional especializado (AEE): As escolas devem oferecer salas de recursos multifuncionais e acesso a centros especializados, onde a criança pode receber suporte pedagógico complementar para facilitar seu aprendizado.
Profissionais de apoio e mediadores: Crianças autistas que necessitam de suporte individualizado têm direito a um professor mediador ou acompanhante especializado, que auxilia no desenvolvimento da autonomia e da adaptação às atividades escolares.
Formação continuada para professores: A legislação prevê que educadores recebam capacitação sobre educação inclusiva, garantindo que saibam adaptar metodologias e estratégias pedagógicas para atender às necessidades de alunos com TEA.
Materiais didáticos acessíveis e metodologias adaptadas: As escolas devem oferecer recursos pedagógicos diferenciados, como livros acessíveis, jogos educativos, tecnologia assistiva e métodos visuais, para facilitar a aprendizagem de alunos autistas.
Avaliação diferenciada: Alunos com TEA devem ser avaliados de forma adaptada, considerando suas dificuldades específicas e garantindo um método justo para medir seu progresso acadêmico.
Direito ao ensino superior: Universidades e faculdades devem garantir adaptação curricular e suporte acadêmico para estudantes autistas, incluindo tempo adicional em provas, materiais acessíveis e acompanhamento especializado quando necessário.
Essas garantias são fundamentais para assegurar a inclusão e a participação plena das pessoas autistas na sociedade. Entretanto, ainda existem desafios na implementação dessas políticas, e o conhecimento sobre esses direitos é essencial para que possam ser devidamente exigidos e aplicados.
Carteira de Identificação da Pessoa com TEA (CIPTEA)
A Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (CIPTEA) foi instituída pela Lei nº 13.977/2020, conhecida como Lei Romeo Mion. Esse documento tem como objetivo facilitar o reconhecimento da pessoa autista, garantindo atendimento prioritário e acesso preferencial a serviços públicos e privados, como saúde, transporte, educação e assistência social.
Principais benefícios da CIPTEA:
Atendimento prioritário em estabelecimentos públicos e privados, assegurando que pessoas com TEA e seus responsáveis não precisem enfrentar longas filas ou burocracias desnecessárias.
Facilidade no acesso a serviços de saúde, incluindo consultas médicas, exames e tratamentos especializados.
Uso preferencial em transporte público e rodoviário, garantindo maior conforto e acessibilidade.
Maior segurança em situações de emergência, pois a CIPTEA contém informações essenciais sobre a pessoa autista, como contatos de emergência e possíveis condições médicas associadas.
A CIPTEA pode ser solicitada gratuitamente nas Secretarias de Assistência Social de cada município. Para isso, é necessário apresentar documentos como laudo médico, documento de identidade da pessoa autista e do responsável legal, além de comprovante de residência. Alguns estados também oferecem a opção de emissão digital do documento.
Transporte e Isenções Fiscais
Pessoas com autismo possuem direito a diversos benefícios relacionados a transporte e tributação, visando facilitar a locomoção para tratamentos, estudos e atividades do dia a dia.
Passe Livre em Transporte Interestadual
O Passe Livre é um benefício que garante gratuidade em ônibus, trens e barcos interestaduais para pessoas com deficiência, incluindo autistas, desde que comprovem baixa renda (renda familiar de até um salário mínimo por pessoa). Para solicitar o benefício, é necessário apresentar:
Laudo médico atestando o TEA.
Comprovante de renda familiar.
Documento de identidade e CPF.
A solicitação pode ser feita pelo site do Ministério dos Transportes ou em postos autorizados.
Isenção de Impostos na Compra de Veículos Adaptados
Pessoas com TEA ou seus responsáveis podem obter isenção de impostos na compra de veículos, garantindo uma redução significativa no valor final. Entre os benefícios estão:
Isenção de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) na compra de veículos novos.
Isenção de IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores) em diversos estados, reduzindo os custos anuais com o automóvel.
Facilitação no financiamento de veículos, tornando o acesso ao transporte próprio mais acessível para famílias que precisam deslocar a pessoa autista com frequência para terapias e consultas médicas.
Para obter essas isenções, é necessário entrar em contato com o Detran estadual e apresentar documentos como laudo médico, declaração de necessidade do veículo e comprovante de renda familiar.
Direito a Estacionamento Preferencial
Mesmo que a pessoa com TEA não apresente deficiência física aparente, ela tem direito ao uso de vagas preferenciais em estacionamentos públicos e privados. Para isso, é necessário solicitar o Cartão de Estacionamento para Pessoa com Deficiência no Detran ou na prefeitura da cidade.
Tarifa Social em Transportes Municipais e Intermunicipais
Em diversos municípios, pessoas autistas têm direito à tarifa social ou gratuidade no transporte público local. Esse benefício facilita o deslocamento diário para escola, terapias e atividades de lazer, reduzindo o impacto financeiro para as famílias.
Como Acessar Esses Direitos?
Para garantir o acesso a esses benefícios, é importante que a família ou responsável da pessoa autista saiba onde buscar informações e como solicitar cada serviço.
Principais órgãos e instituições para acesso aos direitos:
✅ Postos do INSS → Para solicitação do Benefício de Prestação Continuada (BPC/LOAS), que garante um salário mínimo mensal para autistas em situação de vulnerabilidade social.
✅ Secretarias de Educação → Para solicitar apoio escolar, mediadores e adaptações curriculares, garantindo o acesso à educação inclusiva.
✅ Unidades do SUS → Para agendamentos de consultas médicas, terapias multidisciplinares e acesso a programas de intervenção precoce.
✅ Departamentos de Trânsito (Detrans) → Para a solicitação de isenção de impostos na compra de veículos, obtenção do cartão de estacionamento preferencial e outras necessidades relacionadas ao transporte.
✅ Defensorias Públicas e Ministério Público → Para orientação jurídica e denúncia de descumprimento de direitos, garantindo que as leis sejam devidamente aplicadas.
✅ Conselhos Municipais e Estaduais dos Direitos da Pessoa com Deficiência → Esses órgãos atuam na fiscalização, criação de políticas públicas e suporte a famílias que enfrentam dificuldades no acesso aos serviços.
✅ Centros de Referência de Assistência Social (CRAS e CREAS) → Locais que oferecem orientação, atendimento social e acesso a benefícios assistenciais.
✅ Grupos de apoio e ONGs → Muitas organizações não governamentais (ONGs) oferecem suporte jurídico, psicológico e social, além de atuar na defesa dos direitos das pessoas com autismo.
Desafios na Implementação das Políticas Públicas
Embora o Brasil tenha avançado significativamente na criação de leis e políticas públicas para garantir os direitos das pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), a efetivação dessas medidas ainda enfrenta diversos obstáculos. Muitos autistas e suas famílias ainda enfrentam dificuldades para acessar os serviços que, em teoria, deveriam estar assegurados.
Principais desafios e barreiras
🔹 Falta de estrutura adequada nas escolas
Apesar do direito garantido à educação inclusiva, muitas escolas da rede pública e privada ainda não estão preparadas para receber alunos autistas. Isso inclui:
Salas de aula superlotadas, dificultando o acompanhamento individualizado.
Ausência de mediadores e profissionais de apoio, que são essenciais para a adaptação do ensino.
Falta de materiais didáticos acessíveis, que considerem as necessidades sensoriais e cognitivas dos alunos com TEA.
Infraestrutura inadequada, sem espaços sensoriais ou ambientes que minimizem sobrecargas sensoriais.
🔹 Demora no diagnóstico e na oferta de terapias especializadas pelo SUS
O acesso a um diagnóstico precoce e a terapias adequadas é essencial para o desenvolvimento das pessoas com TEA. No entanto, muitas famílias enfrentam:
Longas filas de espera para consultas com especialistas, como neurologistas, psiquiatras e fonoaudiólogos.
Dificuldade para obter laudos médicos que garantam o acesso a benefícios e atendimento especializado.
Baixa disponibilidade de Centros Especializados em Reabilitação (CERs) e outras unidades de atendimento multiprofissional.
Falta de medicamentos essenciais nos postos de saúde, prejudicando o tratamento de condições associadas, como ansiedade e TDAH.
🔹 Desconhecimento das próprias famílias sobre os direitos garantidos por lei
Muitas famílias não têm acesso a informações claras sobre os direitos da pessoa com autismo, o que gera dificuldades para reivindicar benefícios como:
Benefício de Prestação Continuada (BPC/LOAS).
Carteira de Identificação da Pessoa com TEA (CIPTEA).
Direito à inclusão escolar e atendimento educacional especializado.
Isenções fiscais e transporte gratuito.
Isso faz com que muitas pessoas autistas não recebam os suportes necessários, perpetuando desigualdades no acesso aos serviços.
🔹 Falta de profissionais capacitados para atender o público autista
Tanto na educação quanto na saúde, há escassez de profissionais capacitados para atender às necessidades específicas do TEA. Isso inclui:
Professores sem formação em educação inclusiva, que enfrentam dificuldades para adaptar metodologias e lidar com alunos neurodivergentes.
Baixo número de terapeutas especializados, como psicólogos, fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais, gerando filas de espera nos serviços públicos.
Desconhecimento por parte de médicos e pediatras, o que atrasa o diagnóstico precoce e o encaminhamento para tratamentos adequados.
🔹 Desigualdade no acesso aos serviços entre diferentes regiões do país
O acesso a serviços especializados varia muito entre estados e municípios, sendo especialmente limitado em áreas rurais e periferias urbanas.
Cidades pequenas e regiões afastadas muitas vezes não possuem especialistas em TEA, obrigando famílias a viajar grandes distâncias para atendimento.
Falta de transporte acessível, dificultando o deslocamento para consultas e terapias.
Diferenças no atendimento educacional, com algumas redes municipais mais estruturadas que outras, resultando em disparidades na inclusão escolar.
🔹 Dificuldade no acesso ao mercado de trabalho
Apesar da legislação garantir a inclusão de pessoas autistas no mercado de trabalho, ainda existem muitos desafios:
Falta de políticas eficazes de inclusão nas empresas, resultando em dificuldades na adaptação dos trabalhadores autistas.
Preconceito e estereótipos, que fazem com que muitos empregadores não compreendam o potencial dos profissionais autistas.
Baixa oferta de vagas com suporte adequado, como ajustes no ambiente de trabalho e flexibilização de demandas sensoriais.
Dificuldade na manutenção do emprego, pois muitos autistas enfrentam desafios com a rotina rígida e a comunicação interpessoal no ambiente profissional.
A existência de leis e políticas públicas é, sem dúvida, um passo fundamental para garantir os direitos das pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), proporcionando uma base legal que assegura a inclusão e o acesso a serviços essenciais, como educação, saúde, assistência social e emprego. No entanto, a criação dessas leis por si só não é suficiente para que as pessoas autistas usufruam de seus direitos de maneira plena. É preciso que essas leis sejam efetivamente aplicadas na prática, o que requer um compromisso contínuo das esferas governamentais e da sociedade civil.
A implementação dessas políticas públicas enfrenta diversos desafios, como a falta de infraestrutura adequada, a escassez de profissionais especializados e a disparidade no acesso a serviços em diferentes regiões do Brasil. A grande desigualdade entre as áreas urbanas e rurais, por exemplo, dificulta o acesso das pessoas com TEA a tratamentos especializados e serviços de apoio. Além disso, muitos profissionais da saúde e da educação ainda não possuem a formação necessária para lidar com as especificidades do autismo, o que compromete a qualidade do atendimento.
Para que os direitos das pessoas com TEA sejam verdadeiramente garantidos, é essencial que haja um fortalecimento constante das políticas públicas, com investimentos significativos em recursos e infraestrutura. Isso inclui a criação de mais serviços especializados, a ampliação do atendimento em áreas remotas e a qualificação contínua dos profissionais, com programas de formação e atualização sobre o autismo. É necessário também que haja uma maior integração entre os setores de saúde, educação e assistência social, garantindo que as pessoas com TEA possam acessar de forma fluida e integrada os diferentes tipos de apoio de que necessitam.
Além disso, a divulgação das leis e dos direitos garantidos pela legislação deve ser intensificada. Muitas famílias ainda desconhecem os direitos que têm acesso, como o BPC (Benefício de Prestação Continuada), o atendimento educacional especializado e a isenção de impostos, o que as impede de reivindicar os serviços e benefícios de que têm direito. Campanhas informativas, o papel das associações de apoio e o uso das tecnologias de comunicação podem ser aliados importantes para garantir que a população em geral, especialmente as famílias de pessoas autistas, estejam cientes de suas prerrogativas legais.
Por fim, é crucial que o compromisso com a inclusão seja refletido em ações concretas, como a criação de mais vagas em escolas inclusivas, a garantia de emprego e o apoio às empresas que contratam pessoas autistas, e a promoção de campanhas de conscientização que combatam o preconceito e a discriminação. O autismo, sendo uma condição com um espectro tão amplo e único, exige um esforço coletivo para que a sociedade se torne verdadeiramente inclusiva, reconhecendo as habilidades e necessidades de cada indivíduo.
Em resumo, garantir a inclusão plena das pessoas com TEA não se limita à implementação de leis, mas envolve um conjunto de ações interligadas e sustentadas, que incluem o fortalecimento das políticas públicas, a capacitação de profissionais e a ampla divulgação dos direitos. Somente assim, poderemos criar uma sociedade verdadeiramente inclusiva, onde as pessoas com TEA tenham as mesmas oportunidades e direitos que qualquer outra pessoa.
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