Autismo na pratica

Percepção sensorial, diferenças de genero e novas descobertas cientificas.

Lilian Carmo

2/17/202510 min ler

baby listening in black headset
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🌟 Autismo na Prática: Percepção Sensorial, Diferenças de Gênero e Novas Descobertas Científicas

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um campo de estudo dinâmico, com descobertas constantes que ampliam nossa compreensão sobre como ele se manifesta no dia a dia. Cada nova pesquisa traz insights valiosos sobre os desafios e particularidades enfrentados por pessoas autistas, contribuindo para estratégias mais eficazes de inclusão e suporte.

Neste artigo, exploramos três aspectos fundamentais:

Percepção sensorial no autismo: como o cérebro autista processa os estímulos do ambiente e como isso impacta a rotina diária.
Diferenças entre homens e mulheres autistas: por que as características do TEA podem se manifestar de forma distinta entre os gêneros e como isso afeta o diagnóstico.
Novas descobertas científicas: os avanços mais recentes que ajudam a esclarecer o autismo e suas diversas manifestações.

🎧 1. Como a Percepção Sensorial Afeta o Dia a Dia dos Autistas?

A percepção sensorial no Transtorno do Espectro Autista (TEA) pode ser muito diferente da percepção de pessoas neurotípicas. Enquanto algumas pessoas autistas são hipersensíveis a estímulos (o que significa que os sentem de forma intensa e até dolorosa), outras são hipossensíveis, necessitando de mais estímulos para perceber certas sensações.

Essas variações afetam diversas áreas da vida, influenciando a forma como interagem com o mundo, desde a alimentação até a socialização. Entender essas diferenças ajuda a tornar ambientes mais acessíveis e confortáveis para pessoas autistas.

🔊 Sons e Ruídos: Um Mundo de Estímulos

O barulho do dia a dia, que para algumas pessoas pode passar despercebido, pode ser extremamente incômodo ou até doloroso para autistas com hipersensibilidade auditiva. Sons como:

🔹 Multidões conversando ao mesmo tempo
🔹 O barulho de talheres batendo em pratos
🔹 O som do tráfego ou buzinas
🔹 Alto-falantes em locais públicos
🔹 Lâmpadas fluorescentes emitindo um zumbido constante

Esses ruídos podem desencadear sobrecarga sensorial, tornando ambientes como shoppings, mercados e escolas desgastantes e exaustivos. Muitos autistas utilizam abafadores de ruído, fones de ouvido com cancelamento de som ou estratégias para minimizar o impacto desses estímulos.

Já para autistas hipossensíveis ao som, pode ser difícil perceber certos ruídos ou entender falas em ambientes ruidosos, o que pode dificultar a comunicação.

🖐️ Tato e Texturas: O Conforto nas Roupas e Objetos

A sensibilidade ao toque varia muito entre autistas. Algumas texturas podem ser extremamente desconfortáveis, enquanto outras são reconfortantes.

🔹 Hipersensibilidade tátil: Tecidos ásperos, etiquetas, costuras salientes e elásticos apertados podem ser sentidos como um incômodo constante ou até causar dor. Algumas pessoas autistas preferem roupas largas, sem etiquetas ou feitas de tecidos suaves, como algodão ou microfibra.

🔹 Hipossensibilidade tátil: Algumas pessoas buscam mais estímulos sensoriais e podem gostar de texturas ásperas, apertar objetos ou tocar constantemente diferentes superfícies. Isso pode incluir o hábito de esfregar as mãos em tecidos específicos ou segurar objetos com texturas variadas.

🍎 Alimentação: Quando Texturas e Sabores Fazem Toda a Diferença

A seletividade alimentar é comum entre autistas e pode estar relacionada a fatores sensoriais. O sabor, a textura, o cheiro e até a temperatura dos alimentos podem gerar desconforto ou bem-estar.

🔹 Autistas com hipersensibilidade gustativa podem evitar alimentos muito condimentados, ácidos ou amargos, pois o sabor pode parecer mais intenso para eles.

🔹 Alguns evitam alimentos misturados ou pegajosos, preferindo opções mais secas, crocantes ou com texturas previsíveis, como bolachas e torradas.

🔹 A hipossensibilidade gustativa pode fazer com que algumas pessoas busquem sabores mais fortes ou texturas mais marcantes, como alimentos extremamente salgados ou picantes.

Essas preferências podem ser vistas como "manias" por quem não entende o impacto da percepção sensorial no autismo, mas, na realidade, fazem parte da forma como a pessoa processa os estímulos ao seu redor.

🤗 Contato Físico: Toques e Abraços Podem Ser Confortáveis ou Agressivos

A forma como autistas reagem ao contato físico também pode variar bastante.

🔹 Hipersensibilidade ao toque: Algumas pessoas autistas evitam abraços, toques inesperados ou apertos de mão, pois podem sentir o contato de forma intensa ou até dolorosa. Para elas, o toque pode ser invasivo e incômodo, principalmente quando não têm controle sobre a interação.

🔹 Hipossensibilidade ao toque: Outras pessoas podem buscar pressão profunda como forma de autorregulação, pois isso ajuda a organizar suas percepções sensoriais. Elas podem gostar de cobertores pesados, roupas justas ou até mesmo de abraços firmes, pois isso proporciona uma sensação de segurança.

Em ambientes sociais, essas diferenças podem gerar desafios na comunicação. Alguém que evita abraços pode ser visto como "frio" ou "distante", quando, na verdade, está apenas protegendo seu bem-estar sensorial.

🌍 Um Mundo Sensorial Único para Cada Autista

A forma como cada pessoa autista percebe o mundo ao seu redor é única e individual. Algumas estratégias podem ajudar a tornar o ambiente mais confortável e acessível:

Permitir o uso de fones de ouvido em locais barulhentos
Oferecer opções de alimentos variados sem forçar a experimentação
Respeitar a necessidade de usar roupas confortáveis
Evitar toques sem consentimento e entender que nem todos gostam de contato físico

Compreender essas particularidades ajuda a criar um mundo mais inclusivo, onde autistas possam viver com mais bem-estar e sem a sobrecarga de estímulos indesejados.

🧩 2. Mulheres Autistas: Por que são Menos Diagnosticadas?

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) historicamente tem sido mais diagnosticado em meninos do que em meninas. Durante anos, acreditava-se que o autismo era quatro vezes mais comum no sexo masculino. No entanto, estudos mais recentes indicam que essa diferença pode ser resultado de subdiagnóstico, e não necessariamente de uma menor incidência entre as mulheres.

Muitas mulheres autistas passam a vida sem receber um diagnóstico adequado, o que pode levar a anos de dificuldades não compreendidas e desafios emocionais acumulados. Em muitos casos, o diagnóstico só acontece na vida adulta, depois de várias tentativas frustradas de entender suas dificuldades sociais e sensoriais.

Mas por que isso acontece? Vamos explorar os principais fatores que dificultam o reconhecimento do autismo em mulheres.

🔎 Fatores que Dificultam o Diagnóstico em Mulheres

✔️ Máscara Social: A Arte de Imitar Comportamentos

Um dos fatores mais marcantes no autismo feminino é a capacidade de camuflagem. Muitas meninas e mulheres autistas aprendem, desde cedo, a imitar padrões sociais neurotípicos, tornando suas dificuldades menos perceptíveis para os outros.

Isso significa que, ao invés de demonstrar dificuldades evidentes em interações sociais, como muitos meninos autistas fazem, elas:

🔹 Observam e copiam expressões faciais, gestos e padrões de fala dos outros para se encaixarem socialmente.
🔹 Treinam diálogos mentalmente antes de interações sociais para parecerem mais naturais.
🔹 Desenvolvem roteiros sociais, ou seja, frases prontas para diferentes situações, reduzindo a necessidade de improvisação.
🔹 Podem imitar colegas ou personagens de filmes e séries, adotando suas formas de falar e gesticular.

Essa máscara social é uma ferramenta de sobrevivência para muitas mulheres autistas, mas tem um custo alto. O esforço constante para "se encaixar" pode levar à exaustão emocional, ansiedade e até depressão, sem que os outros percebam o quanto elas estão lutando internamente.

✔️ Interesses Restritos "Aceitáveis": A Diferença na Percepção

Um dos critérios para o diagnóstico do TEA é a presença de interesses intensos e restritos, ou seja, fascinação por determinados temas.

Nos meninos, esses interesses costumam envolver temas considerados peculiares, como trens, mapas, números, astronomia ou placas de trânsito. Por serem tão específicos e diferentes do que a maioria das crianças se interessa, essas paixões chamam atenção e facilitam a identificação do autismo.

Já nas meninas, os interesses podem parecer mais socialmente aceitáveis, como:

🔹 Livros e leitura obsessiva sobre um único tema.
🔹 Animais específicos (como cavalos, gatos ou animais marinhos).
🔹 Celebridades ou personagens fictícios.
🔹 Psicologia e comportamento humano, como forma de entender melhor as interações sociais.

Como esses interesses são vistos como "comuns", muitas vezes passam despercebidos, atrasando o diagnóstico. No entanto, a intensidade e a forma como essas meninas se aprofundam nesses temas são diferentes do interesse neurotípico. Elas podem passar horas lendo, pesquisando e colecionando informações, sem se cansar do assunto.

✔️ Diagnósticos Equivocados: O Caminho Errado Até a Resposta Certa

Muitas mulheres autistas passam anos buscando respostas para suas dificuldades, mas, em vez de receberem o diagnóstico de TEA, acabam sendo diagnosticadas com outros transtornos. Isso ocorre porque os traços do autismo feminino frequentemente se sobrepõem a condições como:

🔹 Ansiedade – devido ao esforço constante de mascarar suas dificuldades sociais.
🔹 Depressão – que pode surgir como consequência do isolamento social e da sensação de inadequação.
🔹 Transtornos alimentares – a seletividade alimentar e a necessidade de controle podem ser confundidas com anorexia ou bulimia.
🔹 Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) – algumas características do autismo, como dificuldades emocionais e impulsividade, podem ser mal interpretadas.

Isso faz com que muitas mulheres autistas passem por anos de tratamentos para condições que não explicam completamente suas dificuldades, levando à frustração e ao sentimento de não pertencimento.

🧪 A Ciência Está Evoluindo: Melhorando o Diagnóstico para Mulheres Autistas

Atualmente, os profissionais de saúde mental estão mais atentos às diferenças na manifestação do autismo entre os gêneros. Novas diretrizes estão sendo desenvolvidas para tornar os critérios diagnósticos mais inclusivos, considerando as especificidades do autismo feminino.

Pesquisadores defendem que é necessário:

Revisar os critérios diagnósticos para incluir traços mais comuns em mulheres.
Sensibilizar profissionais da saúde para as diferenças de gênero no TEA.
Ampliar estudos sobre como o autismo se manifesta de forma diversa.

O reconhecimento dessas diferenças é essencial para que mais mulheres autistas sejam diagnosticadas e recebam o suporte adequado, evitando anos de sofrimento e incompreensão.

💡 Um Novo Olhar Sobre o Autismo Feminino

O autismo em mulheres é uma realidade ainda pouco reconhecida, mas que está ganhando mais atenção à medida que novas pesquisas surgem.

A dificuldade no diagnóstico ocorre porque:

🔸 Muitas mulheres mascaram seus comportamentos autísticos para se encaixar.
🔸 Seus interesses restritos parecem socialmente mais aceitos.
🔸 Muitas são diagnosticadas erroneamente com outros transtornos.

Com um olhar mais atento e inclusivo, podemos garantir que mais mulheres autistas sejam compreendidas, aceitas e apoiadas, permitindo que vivam suas vidas com mais bem-estar e autenticidade.

🧪 3. Avanços Recentes na Pesquisa sobre Autismo

A cada ano, novas descobertas científicas ajudam a expandir nossa compreensão sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Estudos recentes indicam que o autismo não é uma condição única, mas um espectro com variações individuais significativas.

Novas tecnologias e abordagens estão permitindo que pesquisadores investiguem aspectos antes pouco compreendidos, como o papel dos hormônios, as diferenças na conectividade cerebral e a relação entre o intestino e o cérebro. Vamos explorar algumas dessas descobertas mais recentes.

🔬 O Papel dos Hormônios no Autismo

Os hormônios desempenham um papel fundamental no desenvolvimento e funcionamento do cérebro. Entre eles, um dos mais estudados recentemente no contexto do TEA é a oxitocina, conhecida popularmente como o "hormônio do amor" ou "hormônio da conexão social".

🧑‍🔬 O que a ciência descobriu?

Estudos indicam que a produção e a recepção da oxitocina podem funcionar de maneira diferente no cérebro autista. Isso pode estar relacionado a dificuldades na interação social, na empatia e na interpretação de expressões faciais.

  • Em 2022, um estudo de Parker et al. analisou como a oxitocina impacta a socialização em indivíduos autistas. Os pesquisadores observaram que, em alguns casos, a administração desse hormônio pode melhorar o engajamento social e reduzir a ansiedade em interações sociais.

  • No entanto, os efeitos variam de pessoa para pessoa, e os cientistas ainda estão tentando entender quais fatores influenciam essa resposta.

💡 O que isso significa?

Embora seja cedo para afirmar que a suplementação de oxitocina pode ser um tratamento eficaz para dificuldades sociais no TEA, os estudos nessa área são promissores. A pesquisa também reforça que o autismo tem bases biológicas complexas, que vão além do comportamento e do ambiente.

🧠 Mapeamento Cerebral Mais Preciso

A evolução das tecnologias de neuroimagem tem permitido que cientistas observem com mais detalhes como o cérebro autista funciona.

🧑‍💻 O que a ciência descobriu?

Anteriormente, acreditava-se que havia um padrão fixo de conectividade cerebral no TEA, como redes neurais hiperconectadas ou desconectadas. No entanto, um estudo recente de Hull et al. (2023) demonstrou que não existe um único padrão de funcionamento cerebral no autismo.

🔹 As diferenças na conectividade cerebral são altamente individuais, o que explica por que o autismo se manifesta de formas tão diversas.
🔹 Algumas áreas do cérebro podem apresentar hiperconectividade, levando a uma sensibilidade maior a estímulos sensoriais.
🔹 Outras áreas podem ter conectividade reduzida, o que pode influenciar a forma como a informação é processada e integrada.

💡 O que isso significa?

Essas descobertas reforçam a ideia de que o TEA não é uma única condição, mas sim um espectro com variações únicas em cada indivíduo. Esse conhecimento pode levar a abordagens mais personalizadas para o diagnóstico e as intervenções terapêuticas.

🦠 Microbiota Intestinal e Autismo

A conexão entre o intestino e o cérebro tem sido um dos campos de pesquisa mais inovadores nos últimos anos. Estudos indicam que a microbiota intestinal – o conjunto de bactérias que vivem no trato digestivo – pode ter influência no desenvolvimento e no comportamento de pessoas autistas.

🧑‍⚕️ O que a ciência descobriu?

Pesquisadores identificaram que alterações na flora intestinal são mais comuns em pessoas autistas. Um estudo de Xu et al. (2023) encontrou diferenças significativas na composição das bactérias intestinais de autistas em comparação com pessoas neurotípicas.

🔹 Certas bactérias intestinais podem influenciar a produção de neurotransmissores como serotonina e dopamina, que afetam o humor e o comportamento.
🔹 Problemas gastrointestinais, como constipação crônica e diarreia, são mais comuns no TEA e podem estar ligados a essa diferença na microbiota.
🔹 Algumas pesquisas sugerem que intervenções nutricionais e probióticos podem ajudar a regular a flora intestinal, trazendo benefícios para o bem-estar geral e, possivelmente, para aspectos comportamentais.

💡 O que isso significa?

Ainda que essa seja uma área de estudo emergente, os resultados indicam que o equilíbrio da microbiota pode ser um fator importante na saúde de pessoas autistas. No futuro, estratégias como dietas personalizadas e suplementação de probióticos podem se tornar parte do tratamento complementar para o TEA.

🔍 O que Essas Descobertas Significam para o Futuro?

Esses avanços reforçam a ideia de que o autismo é uma condição complexa e multifatorial, com influências genéticas, neurológicas e ambientais.

🔹 O estudo dos hormônios pode abrir portas para novas abordagens terapêuticas para dificuldades sociais no TEA.
🔹 A neuroimagem mais avançada pode levar a diagnósticos mais precisos e intervenções personalizadas.
🔹 A pesquisa sobre a microbiota intestinal pode revelar novas conexões entre o intestino e o cérebro, possibilitando terapias inovadoras.

A ciência está em constante evolução, e cada descoberta nos ajuda a entender melhor o autismo e suas múltiplas manifestações. O futuro promete trazer novas possibilidades para melhorar a qualidade de vida das pessoas autistas!

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O Futuro do Conhecimento sobre o Autismo Está em Expansão!

O autismo é um universo fascinante, repleto de descobertas inovadoras e particularidades únicas que desafiam nossa compreensão a cada dia. Desde os mistérios da percepção sensorial até as diferenças de gênero e os avanços científicos mais recentes, cada nova pesquisa nos aproxima de um futuro com mais informação, inclusão e qualidade de vida para autistas.

A compreensão do autismo está em constante evolução. Quanto mais aprendemos, mais podemos promover inclusão e oferecer suporte adequado. As diferenças sensoriais, a sub-representação de mulheres autistas e os avanços científicos são apenas algumas das áreas que merecem atenção.

E isso é só o começo! 🚀 Quer continuar explorando as curiosidades, mitos e descobertas sobre o autismo? Acesse nosso site e mergulhe nesse conhecimento! 💙